Para dar continuidade à linha editorial “Vozes RP“, convidamos a relações-públicas Luísa Camargos, de Belo Horizonte. A Luísa é a primeira bacharel em Relações Públicas do Brasil com Síndrome de Down. Ela tem 26 anos, é palestrante, RP da AIC e nossa registrada no Conrerp da 3º região.

Luísa Camargos - Relações Públicas

Segundo o censo de 2010, existem cerca de 270 mil pessoas com Síndrome de Down no país. No entanto, segundo dados do Movimento Down, existem 74 pessoas com Síndrome de Down que estão ou já se formaram no Ensino Superior. A Luísa faz parte deste número de quem já se formou no ensino superior e hoje vem compartilhar com a gente um pouco da sua história, suas percepções e o que precisou enfrentar para chegar onde está hoje.

Como aconteceu a escolha pelo curso de Relações Públicas?

Eu fiz teste vocacional na época da escola e o resultado foi Humanas.
Sempre fui muito comunicativa e lendo sobre a profissão eu me encantei e decidi fazer Relações Públicas.

Onde você estudou? Conte um poucos sobre a sua relação com os professores e colegas.

Estudei na Faculdade Pitagoras em Belo Horizonte. A maioria dos professores me receberam muito bem e souberam lidar bem comigo. Os alunos, tiveram os que me receberam bem e os que nem tanto, mas nem ligo.
Sempre fui muito dedicada ao estudo, gosto de estudar e saber sempre mais, com isso fui até destaque acadêmico em 2017/2.

Você enfrentou alguma dificuldade ou desafio durante a graduação?

Várias dificuldades. Eu tive que estudar muito mais cada matéria, mas sempre fui bem nas provas. A minha dedicação teve que ser diária, até nos finais de semana.

Já sofreu algum preconceito por razão da Síndrome de Down?

Já sim, mas nunca me abalou.

Fale um pouco sobre o seu olhar a respeito do tema Síndrome de Down.

A Síndrome de Down te permite ter uma vida normal, eu posso fazer tudo, às vezes tenho que me esforçar mais, mas às vezes faço no mesmo tempo de todo mundo. Todo mundo com Down tem direito a ter uma vida igual todo mundo.

Fale um pouco sobre o seu olhar a respeito do tema da inclusão social.

Muitas pessoas com Down não estão incluídas na sociedade, não trabalham, não estudam, não saem com os amigos, às vezes não têm nem amigos. Não têm condições de viver pelo mundo afora. Tá na hora de mudar isso, temos que incluir bem as pessoas.  Tem que ser uma coisa normal pra todo mundo.

Qual a sensação de saber que você representa a muitos brasileiros(as) portadores de Síndrome de Down que buscam espaço e inclusão na nossa sociedade?

É muita responsabilidade mas fico muito feliz em ajudar tantas famílias que precisam ver e acreditar no potencial dos filhos com Down. Muitos pais abrem a cabeça quando converso com eles. Também é importante para as pessoas que não tem Down saber que nós podemos fazer tudo normalmente.

O que significa esse diploma de bacharelado em relações públicas para Luísa Camargos?

Felicidade!
Conquistas de sonhos!
Gratidão à todo mundo que me ajudou!
Algo inesquecível!

Luísa Camargos recebendo a carteira de RP ao realizar o registro no Conrerp 3º região, com a presidente Anita Cardoso.

Existe algum tipo de comportamento, gesto ou palavra que você perceba nos outros e que te deixa incomodada em relação à Síndrome de Down?

Eu não ligo para as pessoas que não sabem nos respeitar.

Qual a sensação em saber que você conseguiu uma inserção no mercado de trabalho com carteira assinada como relações-públicas?

Sensação de graduada e contratada.
Uma alegria enorme!
A melhor sensação do mundo.

Qual a sua percepção sobre a área de relações públicas?

Eu percebo que Relações Públicas tem a área bem ampla. O RP pode fazer muitas coisas.

Quais os profissionais/professores de relações públicas que você mais admira?

Nossa tem vários, mas principalmente meus professores, a Karla e a Manu que trabalham comigo e ensinam muito no dia a dia e alguns RP referências no Brasil.

Deixe uma mensagem aos colegas RPs e a outros colegas com Síndrome de Down.

Relações Públicas é um curso grande, cheio de possibilidades de mercado de trabalho e de fazer a diferença na vida das pessoas. Encontrem seu lugar nesse mercado grande e lindo.

A quem tem Síndrome de Down, basta acreditar que podem fazer tudo, assim vão conseguir ir além!

Inspiradora a entrevista da Luísa, não é? Se você quiser conhecer mais da história da Luísa, podes ler a entrevista que ela deu para o Conrerp 3º região, acessando aqui. Também pode acompanhar o dia a dia da Luísa pelo Instagram, ela sempre compartilha muito das conquistas dela.

Quer participar ou sugerir alguma entrevista para o Vozes RP? Faça contato pelo rp@conferp.org.br.