22 de maio de 2020
Por Ana Manssour
A primeira acolhida que recebemos ao nascer é, quase sempre, um abraço no colo materno.
O tempo vai passando, vamos crescendo, e nossas dores físicas e emocionais são amenizadas quando recebemos um abraço, seja de alguém da família, seja de um amigo, ou até de um desconhecido.
O afeto, a solidariedade, a proteção, o consolo, a alegria, o entusiasmo, a amizade, o amor são sentimentos e atitudes que, ao longo da história da humanidade, têm sido manifestados ou acompanhados por abraços.
Abraços suaves que trazem em direção ao peito, junto ao coração.
Abraços fortes que seguram, dão força, transmitem energia.
Abraços curtos, rápidos, que cumprimentam alegremente.
Abraços longos, demorados, que comunicam a saudade.
E, de repente, um agente microscópico, invisível aos nossos olhos, tornou o abraço perigoso para quem amamos. E não abraçar se tornou o grande gesto de amor.
Hoje, mais do que nunca, temos oportunidade de parar por alguns minutos e pensarmos no quanto não abraçamos ao longo da vida. No quanto tivemos vergonha, julgamos que não era adequado, achamos que poderia ser mal interpretado, ou que teríamos a vida toda para fazer isso.
E descobrimos que não tínhamos esse tempo, que vergonha é não se solidarizar com o outro, é termos a arrogância de achar que sabemos o que o outro vai pensar, e que mesmo que interpretem diferente do que quisemos passar, o que realmente importa é termos o direito e a liberdade de demonstrar nossos sentimentos por meio de um abraço.